quarta-feira, 29 de junho de 2011

INTEGRA-TE NO TODO


Há em toda pessoa o irresistível desejo ou instinto de ser "importante" — e isto não é sintoma mórbido, porquanto cada pessoa é imensamente importante, segundo os planos do Criador.
            Cada personalidade é única, original, inédita — nunca existiu ser igual nem jamais virá a existir um ser igual a este Ego, que sou eu, que és tu, que é ele, ela...
            O erro não está no desejo de ser "importante" —  o erro está no modo como muitas pessoas procuram ser importantes.
            Há três possibilidades de ser importante:
            — pelo isolamento;
            — pela oposição;
            — pela integração.
            O Eu sem nós é apatia.
            O Eu contra o Nós é antipatia.
            O Eu com o Nós é simpatia.
            Só no terceiro caso é que surge verdadeira grandeza, importância e felicidade — mas é tão difícil compreender tamanha verdade.
            Há em toda pessoa um anseio latente, potencial, de se integrar num Todo maior do que o indivíduo, um Todo que dê ao indivíduo a sua última razão-de-ser, o sentido real da sua existência e atividade.
            Sexo e amor, a necessidade de estima e reconhecimento, a ânsia de glória e poder, o impulso de adquirir valores materiais, intelectuais, espirituais —  tudo isto são outras tantas expressões parciais, mais ou menos inconscientes, desse profundo e vasto substrato do nosso Eu, que sente obscuramente a sua parcialidade a bradar pela totalidade.
            É também esta a razão porque "o amor é o vínculo da perfeição", porque amor diz integração, universalidade, totalidade — ao passo que desamor ou egoísmo é visceralmente contrário a tudo isto.
            Sendo que Deus é a Totalidade Absoluta, tanto mais divino é um homem quanto mais alto o seu grau de totalidade e universalidade, isto é, de amor.
            Não incluir, ou até excluir do seu amor um único ser, é falta de totalidade e universalidade, falta de "divindade".
            Felicidade, beatitude profunda e sólida só é encontrada nesse caminho de integração da parte no todo, do indivíduo no Universal, do relativo no Absoluto, da criatura no Criador. É esta a voz do Cosmos, e felicidade não é senão sintonização do pequeno indivíduo com o grande Todo.
            "Ser igual a Deus" é a linguagem bíblica para exprimir esse anseio de todos os seres. "Como o veado anseia pelas torrentes de água, assim anseia minha alma por ti, Senhor"...
            Sendo que em Deus tudo está, dele tudo vem, é lógico que a ele tudo volte.
            É o eterno e universal teo-tropismo dos efeitos pela Causa.
            A princípio, parece ao inexperiente, ao semi-experiente, que essa integração seja uma renúncia à liberdade — e de fato, o principiante anseia por essa integração no Todo a fim de se sentir seguro: sacrifica a liberdade pela segurança, como ele diz; prefere sentir-se seguro sem liberdade a ser livre sem segurança.
            Mais tarde, porém, o iniciando ou iniciado descobre que liberdade não é contrária à segurança, mas que a única segurança real e indestrutível está na liberdade — naturalmente, numa liberdade incomparavelmente mais elevada do que aquela que ele conhecia a princípio.
            O verdadeiro místico é um homem seguramente livre e livremente seguro, porque totalmente integrado no Todo.
            E, como liberdade e segurança é felicidade, esse homem nunca mais poderá apostatar dessa vasta integração, que é a Vida Eterna e a Eterna Felicidade.. .
(De “Imperativos da vida”, de Huberto Rohden)

Fonte: http://www.forumespirita.net  

Nenhum comentário:

Postar um comentário